segunda-feira, 30 de março de 2009

IPI Reduzido Reativa Vendas de Veículos

As vendas de veículos neste trimestre ficarão acima das registradas no mesmo período do ano passado. Do início de janeiro até o dia 25 deste mês foram vendidos no país 606,7 mil veículos, representando 2,8% na comparação com igual período de 2008. Se a média de vendas diárias mantiver até o final deste mês, uma projeção modesta indica que o trimestre encerrará com pelo menos 653 mil veículos vendidos. Para se ter uma ideia, nos primeiros três meses de 2008, o volume somou 647,9 mil unidades.

Muitos consumidores não arriscaram contar com a prorrogação do IPI reduzido que, a priori, valerá até o dia 31 deste mês, e efetivaram suas compras. Dado que a estimativa de vendas foi excelente no mercado doméstico, o governo já estuda prorrogar o prazo de redução do IPI, garantindo empregos no setor automobilístico. Em dezembro, os estoques passavam das 305 mil unidades, o que equivale dizer que a indústria poderia vender sem produzir por mais de 50 dias. Hoje, este número gira em torno de 175 mil unidades, equivalendo a 20 dias de vendas, por isso muitas firmas já estão antecipando a volta de empregados que estavam em casa ou em licença remunerada. Então, a redução do IPI foi uma medida positiva para o país reativar a venda de carros, fazendo com que algumas empresas como a Ford, por exemplo, ampliassem sua participação no mercado. Assim, nosso país vai contornando a crise.

quarta-feira, 25 de março de 2009

"Minha Casa, Minha Vida"

O presidente Lula e ministros da área econômica lançam hoje um plano habitacional voltado para famílias com renda até 10 salários mínimos. O programa prever a construção de 1 milhão de moradias populares e terá recursos estimados no valor de R$ 34 bilhões, entrando em operação na quinzena da Abril.

Serão R$ 16 bilhões em subsídios com recursos da União e do FGTS. A estimativa é de construção de 400 mil moradias para a faixa de até 3 salários mínimos, 200 mil unidades para a renda entre 3 e 4 salários mínimos, 100 mil moradias para a renda entre 4 e 5 salários mínimos, outras 100 mil unidades para 5 e 6 salários mínimos e 200 mil moradias para 6 a 10 salários mínimos.

Segundo o governo, o Brasil tem um déficit habitacional de 7,2 milhões de moradias, sendo 91% concentrada na faixa de zero a 3 salários mínimos. A maior carência está na região Sudeste, com 36,4% do déficit. O governo federal conta com a adesão do governos regionais ao programa, prevendo a assinatura de adesão com a CEF para desoneração fiscal, doação de terrenos, redução de burocracia, dentre outros.

Este pacote habitacional é importante à medida que passará a gerar milhões de empregos no país, em momento de crise mundial e, conseqüentemente, aumento de desemprego no mundo todo. A verdade é que haverá uma enxurrada de críticas já que muitos consideram e analisam como sendo um plano eleitoreiro, ademais, um pacote entregue para a ministra Dilma se fortalecer.

quinta-feira, 19 de março de 2009

E a agora José?

O Governo pretende mudar os cálculos de rentabilidade da poupança, tendo em vista, que os recentes e os próximos cortes nas taxas juros, façam com que a taxa SELIC,hoje, no patamar de 11,25% ao ano, fique em torno 9,75%, assim as aplicações em títulos públicos se tornariam menos atrativas que a poupança. Dessa forma, pode haver um forte deslocamento de investimentos dessa modalidade para a tradicional poupança, que por lei, assegura uma rentabilidade de 6% + Taxa referencial-TR ao ano.

No fim dos cálculos, considerando uma projeção em torno dos 9% para a SELIC, o investidor que optar por fundos de investimentos, por exemplo, onde os rendimentos são oriundos da variação da referida taxa, seu retorno seria menor do que a poupança nas circunstâncias atuais. Isso porque os fundos, ainda, pagam taxas administrativas e imposto de renda de até 2%, enquanto a poupança é isenta.

Nesse contexto, a oferta crédito do país poderia ser prejudicada, uma vez que, os fundos de investimento são a principal fonte para empréstimos bancários, além de gerar receitas aos cofres públicos através do imposto de renda.

Para agravar, ainda mais, do ponto vista econômico, como 65% dos recursos da poupança são obrigatoriamente utilizados para financiamentos habitacionais, que de são de longo prazo, dessa forma, grande parte do volume dos recursos retornariam, via compulsório, ao Banco Central, pois os bancos têm preferência por trabalhar com crédito com captação gerada em um curto prazo ao contrário dos financiamentos habitacionais.

Do ponto de vista social, com a maior atratividade da poupança poderíamos ter uma maior volume de crédito disponível para habitação, uma poderosa ferramenta para suprir um déficit habitacional brasileiro, que hoje encontra-se, segundo o IBGE, em torno de 8 milhões de unidades.

Dentre as principais alternativas estudadas pelo Governo, está entre vincular a renumeração da poupança a Selic ou mexer na TR.



quarta-feira, 11 de março de 2009

O Dia D

Em palestra recente, Mário Tóros, diretor de política monetária do BC, apresentou um levantamento realizado sobre o comportamento da produção industrial e a inflação em 13 países desenvolvidos e emergentes a partir de Setembro de 2008. A regra geral foi a forte contração na produção industrial, mas nem todas as economias tiveram queda proporcional da inflação. Percebe-se no estudo concretizado que os EUA, por exemplo, obtivera queda na produção industrial de 10% em Dezembro, quando comparado ao mesmo mês do ano anterior e a inflação acumulada em 12 meses passou de 4,9% para ZERO entre Setembro e Janeiro, ou seja, é perceptível a reação rápida dos preços.

Em relação ao Brasil, apesar da forte desaceleração econômica, a redução da inflação não se deu de uma forma expressiva. A conclusão apresentada por Tóros foi que a principal diferença entre um grupo de países e outro é a flexibilidade de preços. Países com preços mais flexíveis, como os EUA, respondem mais rapidamente à desaceleração econômica. Em países com preços mais rígidos, caso do Brasil, os preços demoram mais para cair.

“A apresentação feita por Tóros faz parte de um esforço feito pela diretoria colegiada do BC para mostrar que, na crise mundial, as economias não apresentam um padrão único – por isso as respostas de política econômica, sobretudo medidas monetárias, não devem ter necessariamente mesma direção e intensidade.”

Então, pode-se concluir que no Brasil ainda há uma grande persistência inflacionária, logo não podemos esquecer-nos de alertar para o risco de repasse da depreciação cambial para a inflação.

A apresentação deste estudo na semana que antecede a reunião do COPOM, dado a característica conservadora do BC, poderia vir a comprometer na dosagem da redução da taxa SELIC. Sabe-se que o objetivo principal da política monetária deve ser a obtenção e a manutenção da estabilidade de preços, em que a estratégia principal é antecipar-se a quaisquer pressões inflacionárias futuras, até aqui tudo bem. Mas, outras variáveis importantes como nível de atividade, economia internacional, mercado monetário, dentre outros, convergem para uma situação desfavorável abrindo espaço para uma redução significativa da taxa SELIC. É verdade que o BC está preocupado com a lenta queda da inflação, mas isso não será empecilho para uma redução mais elevada da SELIC, afinal a pressão externa é notória.

A reunião do COPOM teve início na tarde de ontem deverá na tarde de hoje divulgar o novo valor da SELIC. O encontro acontece sob um clima pesado, e como já mencionado acima vários fatores aumentam as pressões sobre o comitê. Em suma a indústria não se recuperou em Janeiro com a determinação imaginada; os estímulos até agora dados pelo governo não têm produzido resultados muito positivos; a reunião anterior do COPOM ocorreu antes da posse de Obama, ou seja, o governo brasileiro depositava no plano de Obama esperança de rápida resolução da crise, o que até agora não veio. A maioria dos analistas de mercado defendem um corte percentual de 1 ponto na SELIC, mas diante dos resultados da estimativa do PIB, Inflação divulgados no relatório Focus desta semana, além do resultado do quarto trimestre de 2008 divulgado nesta Segunda, tem economista mais ousado acreditando numa redução de 2 pontos.

terça-feira, 10 de março de 2009

PIB cresce 5,1% mas...

O crescimento da economia, mensurado pelo PIB, foi de 5,1% em relação a 2007, representando em valores, cerca de R$ 2,9 trilhões. No entanto, apesar do crescimento, as noticias são quase que apocalípticas, pois no quarto trimestre houve um recuo de 3,6%,ante o crescimento dos três primeiros trimestres: 1,6%; 1,6% e 1,7% respectivamente. Essa retração foi a maior desde que a série foi iniciada em 1996 e bem acima do que previam muitos analistas (2,3%), resultado do ápice da turbulência financeira que ganhou amplitude em 2008.

Para ter idéia da magnitude, no âmbito setorial, no quarto trimestre a retração para Indústria foi de (-7,4%), seguida pela Agropecuária (-0,5%) e pelos Serviços (-0,4%).Entre os componentes da demanda interna, a Formação Bruta de Capital Fixo, que representa a ampliação da capacidade produtiva futura de uma economia por meio de investimentos correntes em ativos fixos, teve a maior queda (-9,8%,), o maior recuo da série, seguida pela Despesa de Consumo das Famílias (-2,0%). Já a Despesa de Consumo da Administração Pública teve uma variação de 0,5%. O PIB per capita, que é o resultado do PIB/POPULAÇÃO cresceu 4,0% e alcançou R$ 15.240,00.

Na análise do valor adicionado gerado pelas atividades econômicas, tivemos a Agropecuária com (R$ 163,5 bilhões); Indústria (R$ 682,5 bilhões) e os Serviços (R$ 1.595,0 bilhões). O restante do montante foi gerado através de impostos sobre produtos.

Entre os componentes do PIB pela ótica da demanda, a Despesa de Consumo das Famílias (C) totalizou R$ 1.753,4 bilhões, a Despesa de Consumo da Administração Pública (G) R$ 584,4 bilhões e a Formação Bruta de Capital Fixo (I) R$ 548,8 bilhões. O saldo da Balança comercial (X-M), para X=exportações e M=importações, ficou superavitária em R$ 4,8 bilhões e a Variação de Estoques foi negativa em R$ 1,7 bilhões. Para ter idéia do peso de cada componente desses, basta observar que a equação macroeconômica do PIB é dada por Y(PIB)=C+I+G+(X-M) o gráfico abaixo segue o percentual da participação.


Os dados mencionados acima, referentes ao quarto trimestre, corroboram para uma recessão técnica no primeiro trimestre de 2009, segundo aponta algumas empresas de consultoria que terão que refazer os cálculos, tendo em vista, que as previsões referentes ao quarto trimestre estava abaixo do resultado divulgado pelo IBGE. As previsões para 2009 já eram de baixo crescimento na ordem de 1,0% a 1,5%, agora a tendência é que provavelmente, considerando tudo mais constante, é que entremos em recessão.


Diante do exposto, faz-se necessário, de forma urgente, que o Governo faça gastos estratégicos, e o Banco Central, corte expressivamente as taxas de juros a um patamar conveniente para o retorno dos grandes projetos da iniciativa privada e do consumo das famílias.


OBS: os dados deste comentário são oriundos do sistema de contas trimestrais do IBGE.











.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Protecionismo

Em um cenário de afogamento das economias reais mundo afora, percebe-se o ressurgimento de idéias econômicas que vinham perdendo força há algum tempo, como o protecionismo. Dado o imbróglio da atual crise de crédito, ocorrera uma onda de defesas análogas com a crise de 1929, em virtude de suas raízes terem sido no sistema financeiro. O que cabe discutir é se medidas protecionistas adotadas por alguns países ajudariam os mesmos a se recuperarem da recessão.

O raciocínio de quem impõe essa idéia é o de que tornando as importações mais caras e difíceis, os produtores domésticos passariam a fabricar os bens antes supridos pelo exterior, criando mais empregos no processo, ainda que com perda de eficiência, pois sabemos que o comércio em pleno funcionamento ao se conquistar mercados mais amplos garantiria ganhos de escala na produção.

Vale ressaltar que o arsenal protecionista se provou uma estratégia falha no passado – pós- crise 1929 – assim cabe aos líderes das grandes economias não repetir os erros anteriores. Os argumentos estariam apenas em pró da defesa no combate ao desemprego no curto prazo, assim deixando de lado a teoria das vantagens comparativas, os ganhos de escala e eficiência, além da ampliação das possibilidades de consumo que uma abertura comercial poderia trazer a um país. Sabe-se que países que comercializam mais com o exterior são mais ricos que os mais fechados, então diante de vários estudos que mostram com certa segurança essa associação do volume de comércio total à maior renda numa economia, seria inviável o ressurgimento do protecionismo nos dias atuais.

segunda-feira, 2 de março de 2009

“Buy American” e o Brasil?

No recente pacote de estímulo à Economia Americana, elaborado pelo Governo Obama e aprovado pelo congresso,consta uma polêmica cláusula chamada Buy American (compre América) que restringe o fornecimento de insumos da siderurgia como o aço, ferro e outras manufaturas para obras públicas apenas a empresas nacionais ou de países com os quais os EUA possuam acordos comerciais específicos como o Canadá, México e a Europa.

A idéia é criar empregos dentro do país e reaquecer os setores em questão, o problema é que países como o Brasil, China, Índia e Rússia que não possuem acordos específicos terão suas exportações afetadas caso a referida cláusula não seja modificada.

No caso do Brasil, que tem produtos siderúrgicos e as manufaturas como os principais componentes da pauta de exportação para o EUA essa cláusula poderá acarretar um eventual descompasso na nossa balança comercial (registro das exportações e importações) além de poder provocar uma crise ao setor, que já vem sofrendo com a redução da demanda global motivada pela crise econômica.

Para se ter idéia, do total exportado em 2008, 20% foram destinados para o mercado americano, segundo os dados da IBS- Instituto Brasileiro de Siderurgia, o que evidencia uma certa relevância do mercado americano para o setor.

Ressalte-se, ainda, que o setor siderúrgico tem importância estratégica em nossa economia pois além de ser fornecedor de insumos para produtos industriais e da construção civil possui elevado estoque de emprego, e medidas como estas, podem acelerar, ainda mais, as demissões em massa que já estão ocorrendo no setor.

Resta agora, esperamos as medidas que o Governo tomará, face a essa medida protecionista do Governo Obama. Uma das que vem sendo cogitadas é a possível contestação junto a OMC-Organização Mundial de Comércio, esperamos que ocorra o mais breve possível e tenha êxito, caso contrário, teremos que criar o nosso “BUY BRASIL”.

O que nos faz mais resistentes?


Recentemente, algumas instituições internacionais como a OCDE[1] e o Banco Mundial, através dos seus respectivos estudos, afirmaram que o Brasil tenderá ter uma maior resistência à crise para 2009 frente aos países ricos e emergentes que compõe a BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

De acordo com a OCDE, que analisou 11 países[2], o Brasil é o único a ter apenas uma desaceleração, declinando 1,1 ponto percentual e com 2,9 pontos percentuais inferior ao nível de atividade observada há um ano, enquanto os demais sofrerão forte desaceleração com eminência de recessão econômica.

Para o Banco Mundial, o Brasil, ao lado do Chile, será o país que menos sentirá os efeitos da crise na América Latina, conforme o discurso da vice-presidente da instituição durante o fórum da Tribuna Ibero-Americana.

Com essas constatações, é natural que muitos questionem porque o Brasil está mais resistente e quais os fatores que contribuíram para essa situação menos onerosa que os demais países.

Então, vejamos 10 motivos que propiciaram essa resistência:

1.Média de crescimento do PIB de 1,6% (1998-2003) para 4,8% (2004-2008).
2.Forte regulação financeira com bancos trabalhando com grau de alavancagem em torno de 6,5 vezes, enquanto bancos americanos como Lehman Brothers trabalhava com cerca de 35 vezes,além ínfimo envolvimento em operações com mercado imobiliário americano.
3.Reservas do Banco Central cerca de US$ 200 bilhões.
4.Diversificação do comércio internacional, tanto na pauta de exportação como no destino.
5.Dinamismo Econômico, ou seja, temos produção de quase tudo.
6.Reservas compulsórias[3] elevadas cerca de 272 bilhões de reais em Set 2008, o possibilita maior confiança no sistema bancário.
7.Mercado interno muito aquecido.
8.Relação dívida/PIB caiu de 47,0%(2004) para 36,0% (2008).
9.Aumento de investimentos estrangeiros diretos de US$ 18,1 bilhões (2004) para US$ 45,1 (2008).
10.Sucessivos saldos positivos na balança comercial.

Com isso, é possível entender, em parte, nossa resistência a toda essa turbulência financeira global e o motivo das constantes conclusões internacionais a cerca de nossa resistência.

[1] Organização para cooperação e o desenvolvimento Econômico
[2] Estados Unidos, Brasil,Canadá, Japão, China, Índia, Rússia, França, Alemanha, Itália e Reino Unido
[3] É a parcela dos depósitos a vista que os bancos comerciais são obrigados legalmente a reter no Banco Central.