segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um Abrigo de Ouro

Com a crise de confiança no sistema financeiro global e juros em queda nas nações desenvolvidas, percebe-se um aumento na demanda pelo ouro. Este ativo volta a servir de refúgio para investidores no mundo todo. Já é perceptível um salto na valorização deste ativo, e especialmente no Brasil em 2008, obteve valorização em mais de 30%. Contratos de ouro futuro para Fevereiro de 2010 vêm sendo negociados na casa dos R$ 73,00, uma alta implícita superior a 10% em 12 meses. Alguns analistas de mercado ainda têm dúvidas sobre essa tendência para o ano vigente. Alguns defendem que a valorização dura enquanto a crise internacional durar.

A discussão seria quanto ao “time” de alta deste ativo, dado que alguns analistas acreditam que as medidas adotadas para conter a crise pelos bancos centrais e governos causariam uma reversão da crise no segundo semestre de 2009, assim essa busca de segurança que o ouro tem apresentado perderá motivação e o metal recuaria.

A partir de 2000, o ouro passou a fazer parte no portfólio dos investidores globais representando fatias entre 3% e 5%. Nos últimos seis meses, o ganho real deste ativo chegou a bater a casa dos 42%, superando assim em larga medida o retorno da renda fixa. Pode-se defender que hoje o ouro é a melhor alternativa de preservação de valor, dado que o cenário da crise atual com juros em queda e instituições insolventes contribuiu para elevar a procura pelo ouro.

No Brasil, o ouro é negociado na BM&F em lotes de 250 gramas ou no balcão, por intermédio de casas especializadas, que dispõe de um sistema fracionário em que se pode comprar e vender a partir de cinco gramas pela internet. Vale lembrar para o investidor interessado no ativo que o risco e tributação são de renda variável.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A luta contra a crise

Muito se discute acerca da eficiência e da condução das políticas econômicas vigentes, principalmente em momentos de crise econômica. Na economia, segundo a teoria macroeconômica, as políticas são formuladas para se alcançar quatro metas básicas, são elas: o alto nível de empregos, estabilidade de preços, distribuição de renda e crescimento econômico.
Para alcançar as metas, foram criados instrumentos que dão ao Governo a possibilidade de criar um cenário favorável para alcançá-las. Estes, são conhecidos como instrumentos de política macroeconômica, que se divide em: política fiscal, monetária,cambial e de renda.

O que difere uma política da outra são os mercados em que atuam, além do“Feedback” que podem dar em num dado período de tempo. A divisão dos mercados é a seguinte: mercado de bens e serviços; do trabalho; monetário; títulos e de divisas.

Em momentos de turbulência, como esta, na qual estamos passando, há uma preferência por adotar medidas de cunho monetário, tendo em vista que a mesma é capaz de gerar resultados mais rápidos, pois as decisões de seu âmbito dependem apenas do BACEN (Banco Central) para serem anunciadas.

No caso dessa crise, onde a escassez de crédito gerada pela falta de confiança, põe a economia em eminência de recessão, a política monetária mostra-se como uma ferramenta viável e de certa forma eficiente para o contexto. Através de uma redução na taxa básica de juros (SELIC) e com as reduções dos compulsórios (quantia que os bancos são obrigados a depositarem no BACEN) e a oferta de linhas de crédito para alguns setores, feita recentemente, pode provocar um retorno da oferta de crédito e reaquecer a economia.

Mas a grande questão é até quando se pode usar a política monetária? Nos EUA, com a taxa básica na faixa de 0 a 0,25% a.a, não houve efeitos significativos, encontram-se numa situação que Keynes denominou de armadilha de liquidez, onde a autoridade monetária se vê impedida de usar seus tradicionais instrumentos, pois os mesmos já não surtem efeitos.

No Brasil, apesar do recente uso da política fiscal, no combate à crise, com as reduções na taxa do IR-Imposto de Renda, no IOF-imposto sobre operações financeiras, IPI – imposto sobre produtos industrializados, além de adiar as datas para o pagamento de tributos federais, percebe-se, face as grandes demissões em massa e as medidas tomadas por outros países, que não é o suficiente, para se sair vitorioso nessa luta.

As medidas tomadas até agora podem possibilitar a vitória em alguns “rounds” como numa luta de boxe, mas serão o suficiente para evitar a derrota ou até mesmo o “ nocaute” ?

Fique Por Dentro!

Em tempos de crise econômica é comum escutarmos várias vezes na mídia, terminologias que muitas vezes seu entendimento fica difícil para o grande público. Além disso, há uma notória dificuldade dos meios de comunicação em passar ou explicar alguns acontecimentos relacionados à economia de maneira mais clara e acessível. Nesse contexto, irei tentar preencher essa lacuna, explicando, de forma sucinta, alguns termos e fenômenos que vejo serem freqüentemente mencionados e corriqueiros em nessa crise. Cataloguei alguns, que considero imprescindíveis para entender melhor esse engenhoso mercado financeiro, semana que vem postarei outros.

Derivativo:

É o termo mais mencionado na crise e dito como o vilão, sua acepção está relacionada às operações financeiras, muitas das vezes, bastante complexas, que derivam dos ativos financeiros ou mercadorias (ações,ouro,dólar), daí o nome. São negociados a partir do comportamento do preço ou cotação de um ativo no futuro, ou seja, eu posso realizar uma operação acreditando que em determinada data um ativo valerá “x”, se houver uma valorização deste e se minha operação foi um contrato de venda, por exemplo, irei obter ganhos, caso contrário terei perdas financeiras.

Alavancagem:

A alavancagem consiste no processo de investir acima da nossa capacidade financeira, são usados os mais diversos instrumentos para se alavancar um capital, no entanto, a mais comum e bastante usada por bancos e empresas, é o uso de capital de terceiros. Em suma, eu obtenho um financiamento e através deste eu aumento meus ganhos.

Recessão/Depressão:

A recessão é uma queda acentuada do PIB (Produto Interno Bruto.) por dois ou mais trimestres consecutivos, enquanto a depressão, que é mais grave, está relacionada com aspectos mais amplos, como níveis de emprego, produção industrial, rendimento real, crédito disponível etc. Uma das mais graves que tivemos na história econômica foi a 1929 nos EUA.

Securitização:

Consiste em lançar títulos com determinada garantia de pagamento. Normalmente esses títulos são lastreados e um ativo ou numa carteira de ativos. Na verdade, é um processo de reprodução de títulos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Depreciação do Real x Inflação

À medida que a crise no sistema financeiro se arrasta, as dúvidas quanto às conseqüências na atividade econômica aumentam. Apesar da visível desaceleração da produção e da consolidação dos processos recessivos nas economias desenvolvidas, há incerteza sobre o alcance de seus efeitos nos países emergentes. É necessária uma atenção e cuidado especial aos desdobramentos da depreciação do real, cuja taxa de câmbio com o dólar é estratégica ao Brasil em vários aspectos, como exemplo a balança de pagamentos, formação de preços ao consumidor, dentre outros. O país já vivenciou por três momentos de depreciação acelerada, desde a mudança do regime de câmbio fixo.

Em Setembro de 2008, com o estouro da crise do subprime, ocorreu uma nova mudança no patamar do câmbio que passara de R$1,60, depois de um longo processo de revalorização, para a faixa próxima de R$2,40 que prevaleceu até Dezembro. Sabe-se que as raízes deste processo estão todas no exterior e atingira o país em um momento em que a Economia estava em crescimento acelerado. Uma variação superior a 45% em menos de 100 dias.

Até que ponto vai o repasse das altas do dólar para os preços dos produtos finais? Essa é uma questão essencial e crucial para balizar a condução da política monetária pelo Copom. Alguns economistas defendem que será inevitável o repasse da alta do dólar para os preços finais em algumas cadeias produtivas, dado que acarretaria em uma onda de pressão de custos para alguns segmentos. A priori, tal visão é aparentemente natural, assim existindo nos próximos meses uma ameaça inflacionária que se transformaria em índices crescentes, exigindo sua contenção com o uso do instrumento clássico dos juros para impedir que as altas coloquem em risco a estabilidade de preços. Desta vez, os efeitos da desvalorização sobre os índices de preços são muito mais amenos, analisemos.

O IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) é composto pela média ponderada do IPA-M (Índice de Preços do Atacado), com 60% de peso; do IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor), com 30%, e do INCC-M (Índice Nacional da Construção Civil), com 10%. A força da propagação da depreciação na formação de preços dos produtos que estão sendo fabricados se descobre pelo comportamento do IPA-M. Percebe-se que no resultado de dezembro, o IPA-M apresentou recuo de 0,42%, após ter subido 0,30%, em novembro. Conclui-se que não há pressão inflacionária no atacado.

Podemos afirmar que não existe uma onda inflacionária em formação. Pelo contrário, no geral os custos da indústria estão em desaceleração. Podemos ainda complementar que a desvalorização acelerada do real esta sendo compensada pelo comportamento das cotações das commodities, que seguem em sentido oposto ao dólar, assim amortecendo seu impacto.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Juros Exorbitantes, até quando?

Acirra-se a discussão sobre os elevadíssimos “spreads” cobrados pelo sistema bancário em geral e pelos bancos públicos federais, em particular. A partir da última quinta-feira (5/FEV), o BACEN passou a divulgar tabelas com as taxas de juros cobradas pelos bancos no cheque especial, crédito pessoal, financiamento de veículos e aquisição de outros bens, além de taxas específicas para pessoa jurídica.

No universo de 35 instituições, os juros do cheque especial para pessoa física, por exemplo, variaram de 1,97% ao mês no Banco Cruzeiro do Sul a 10,13% ao mês no banco Schahin. No BB a taxa é de 8,04%; Na CEF, 6,78%; no Itaú, de 8,58% e 8,77% no Bradesco. Nos empréstimos para capital de giro prefixado, numa tabela com 70 bancos, a menor taxa é de 1% ao mês no Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo. A maior é de 5,48% ao mês no banco CR2. O Banco do Brasil cobra 2,74%; a CEF, 2,17%; o Itaú, 2,88% e o Bradesco, 3,56%.

Para se ter uma idéia o Banco do Brasil, por exemplo, antes da crise operava com spreads de 1 dígito, hoje cobram juros de 58% ao ano para os empréstimos a pessoa física e 30,7% para as pessoas jurídicas. A irritação é perceptível em alguns ministros, além do presidente Lula, sobretudo com o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, em relação à elevação dos spreads cobrados após o agravamento da crise financeira internacional e a conseqüente contração do crédito. A corporação do BB que resiste em reduzir os juros está preocupada com o fato de essa medida reduzir a lucratividade da instituição, o que afetaria os acionistas.

A iniciativa do BACEN em divulgar os juros cobrados pelas instituições financeiras no país tem o objetivo de acirrar a concorrência entre estas instituições, contribuindo assim para a redução destas taxas, à medida que se torna acessível e de fácil acesso à população. Afinal, o governo quer que os bancos públicos operem com juros menores para forçar os privados a fazerem o mesmo. Nas próximas semanas, BB e CEF deverão anunciar uma rodada de redução em suas taxas.